As contas externas brasileiras até novembro de 2020 demonstram o enfraquecimento da economia brasileira.
Resultados importantes:
– Saldo de balança comercial de jan-nov/2020 superior ao mesmo período de 2019; – Saldo da corrente de comércio de jan-nov/2019 superior ao mesmo período de 2020; – Desvalorização do Real frente ao dólar de 28% entre nov/2019 e nov/2020; e – Forte redução do IDP em 2020 em comparação a mesmo período de 2019; – Queda de US$ 16 bilhões de capital estrangeiro no país no período; |
A balança comercial brasileira fechou, no acumulado do ano, com um saldo superior ao mesmo período de 2019 (figura 1).
Figura 1. Saldo da balança comercial jan-nov – US$ bilhões
O saldo maior em 2020 é resultado da forte desvalorização do Real frente ao dólar norte americano.
No entanto, esse maior saldo é acompanhado de uma piora na corrente de comércio (exportação + importação) (figura 2).
Portanto, o saldo maior da balança comercial no período jan-nov/2020 (crescimento de 9,51% em relação ao mesmo período de 2019) é acompanhado por um menor valor na corrente de comércio (decrescimento de 10,3% em relação ao mesmo período de 2019).
O câmbio explica parte do comportamento do saldo da balança comercial e da corrente de comércio.
Figura 3. Evolução da taxa de câmbio (R$/US$)
A evolução do câmbio foi ascendente nesse período (figura 3). Na verdade, entre novembro/2019 e novembro/2020 o Real se desvalorizou em 28%.
O efeito da pandemia é mais evidente no investimento direto no país (IDP) (figura 4)
Figura 4. Investimento direto no país jan-nov – US$ bilhões
No acumulado de jan-nov/2019 o volume de IDP foi de US$ 66 bilhões, ao passo que no mesmo período de 2020 o volume de IDP foi de US$ 33 bilhões.
O IDP é formado por dois componentes: participação no capital e operações intercompanhia. O primeiro componente representa o ingresso de capital produtivo, ao passo que as operações se referem as remessas de capital entre a(s) filiais e a matriz.
Figura 5. Participação no capital versus operações intercompanhia jan-nov – US$ bilhões
Como se pode verificar, houve uma redução drástica no componente de participação no capital, saindo de US$ 67 bilhões em jan-nov/2019 para US$ 27 bilhões no mesmo período de 2020.
O inverso aconteceu com as operações intercompanhia. No período de 2019, esse valor foi igual a zero, enquanto que em 2020 esse valor foi de US$ 7 bilhões.
Tabela 1. Participação no capital
US$ bilhões
| 2 019 | 2 020 | ||
| Nov | Jan-nov | Nov | Jan-nov |
Participação no capital – total | 7 | 67 | 1 | 27 |
Participação no capital, exceto reinvestimento de lucros | 4 | 39 | 1 | 22 |
Ingressos no país | 4 | 44 | 2 | 26 |
Regressos ao exterior | 1 | 5 | 1 | 4 |
Participação no capital – reinvestimento de lucros no Brasil | 4 | 28 | – 0 | 5 |
Fonte: Bacen
Como se pode verificar pela tabela 1, o ingresso de capital no pais que não diz respeito a reinvestimentos caiu de US$ 44 bilhões para US$ 26 bilhões na comparação entre jan-nov de 2019 e 2020.
Esse resultado mostra que o capital novo produtivo caiu US$ 18 bilhões na comparação entre períodos.
Tabela 2. Empréstimos intercompanhia
US$ bilhões | ||||
| 2 019 | 2 020 | ||
| Nov | Jan-nov | Nov | Jan-nov |
Créditos recebidos do exterior | 5 | 62 | 4 | 73 |
Matriz no exterior e filial no Brasil | 1 | 21 | 1 | 20 |
Filial no exterior e matriz no Brasil (investimento reverso) | 3 | 26 | 3 | 32 |
Empresas irmãs | 1 | 15 | 1 | 21 |
Fonte: Bacen
Com relação aos empréstimos intercompanhia, vale mencionar o aumento de créditos recebidos das filiais no exterior para a matriz no Brasil. Esse ingresso representa um diferencial de US$ 6 bilhões. A pandemia explica esse movimento.